Moradores de cerca de 07 bairros de Cuiabá, afetados pelo projeto de revitalização do córrego Gumitá, executado pela prefeitura municipal, estiveram reunidos hoje, 15/06/2009 com o prefeito Wilson Santos (PSDB) para reivindicar justiça no decorrer da execução do projeto. A reunião foi marcada por uma tentativa mal sucedida da prefeitura municipal de explicar à população detalhes de um projeto que já começou a ser executado e até agora continua gerando muitas dúvidas entre os afetados, onde ao final o prefeito Wilson Santos teve que ouvir a indignação da população e assinar o acordo de uma pauta de reivindicações dos moradores.
O PROJETO:
Com o pretexto de efetuar a revitalização do córrego Gumitá e, conseqüentemente, preservar o meio ambiente a prefeitura municipal de Cuiabá ensaia há anos remover em torno de 400 famílias dos bairros Vila Rosa, Novo Mato Grosso, Novo Horizonte, Centro América, Três Lagoas, Planalto e Tancredo Neves. Este projeto se arrasta há anos nos bastidores, porém, “coincidentemente” agora, quando uma grande construtora, a Concremat, inicia as obras de um grande condomínio de luxo na região, é que o projeto realmente sai do papel. É viável para esta construtora ter uma vizinhança humilde? Estaria o prefeito mais uma vez defendendo os interesses dos empresários em detrimento à população, assim como o fez no transporte coletivo?
O fato é que a prefeitura até hoje não esclareceu quais moradores serão afetados e quais têm direito à indenização. A prefeitura alega que grande maioria dos moradores mora em APP (Área de Preservação Permanente) e, portanto, seriam removidos à um residencial da prefeitura, em uma área muito mais distante do que a que vivem hoje e sem direito a qualquer tipo de indenização. Aí está a grande contradição, pois a grande maioria das famílias têm a documentação de seus imóveis, inclusive, recebem regularmente a cobrança de IPTU (Imposto Territorial Predial Urbano).
O questionamento é: Se a área é ilegal, poderia ser cobrado este imposto? Além disso, a grande maioria dos moradores mora nesta região há muito tempo, já criaram raízes e se identificam ali. O projeto em nenhum momento foi discutido com a população de forma clara, transparente e democrática.
A MOBILIZAÇÃO POPULAR:
Depois de duas audiências públicas realizadas pela Câmara municipal de Cuiabá a população decide agir. Os próprios moradores do bairro Centro América convocam uma reunião em que comparecem mais de 60 moradores e é tirada uma comissão que tem legitimidade para defender os direitos da população. Esta comissão consegue assistência jurídica e protocola no dia 09/06/2009 um ofício no setor do IPDU da prefeitura municipal, requerendo uma cópia do projeto e todas as informações referentes ao mesmo.
No último dia 13/06 é realizada nova reunião, puxada pelos próprios moradores, agora, com a presença de quase 100 pessoas, onde é reafirmada a necessidade de organização e mobilização coletiva para defesa dos direitos da população afetada.

Com esta certeza a população seguiu hoje para uma reunião com o preito Wilson Santos e toda sua trupe no bairro do CPA II. Depois de uma explanação, sem convencimento algum, acerca do projeto e com muito esforço da população foi aberto o debate. Nesse momento a população colocou toda as suas dúvidas e indignação para com a administração municipal, exigindo INDENIZAÇÃO JUSTA para todos os moradores a serem desapropriados, inclusive aqueles que a prefeitura alega estar em área de APP. Depois de várias tentativas da organização da reunião de cortar a falar dos moradores, o prefeito Wilson Santos assinou uma pauta de reivindicações que trata dessa questão da INDENIZAÇÃO JUSTA A TODOS e saiu vaiado pelos populares.
Ao final os moradores de todos os bairros afetados fizeram uma avaliação e decidiram se manter mobilizados até que sejam cumpridas as exigências e já marcaram nova reunião que acontecerá às 19:00 horas no salão paroquial da Igreja N. Sra. de Fátima, no bairro Centro América.
A ASS/MT e Intersindical se fazem presentes na luta cotidiana dos trabalhadores, organizando pelos locais de estudo trabalho e MORADIA.